sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O QUE DIZER A RESPEITO DO CULTO SOLENE?

Você sabe o que é culto solene? Até a década de 1970 este assunto não era um problema ou tabú para os evangélicos. Era claro para todos, sejam os protestantes históricos, reformados e até mesmo os pentecostais a diferença entre o que era uma adoração solene e o que não era. Aquilo que deveria fazer parte do culto dominical e o que não deveria.

Nos dias atuais, este é um grande problema até mesmos as igrejas de herança reformada. Muitos pastores e membros tendem a argumentar que a Bíblia não faz a distinção entre o que é culto solene e o que não é. Esta mentalidade abriu de forma pragmática diversas práticas estranhas ao culto. Mas, é bom e necessário que se faça o devido esclarecimento deste assunto.

Em primeiro lugar, a Bíblia faz sim a distinção entre o que é, e, o que não é solene na adoração. Antes de tudo Ele mesmo instituiu o DIA DO DESCANSO, ou, o DIA DO SENHOR. De forma normativa este deve ser considerado um dia separado para o ajuntamento solene de todo o povo de Deus. O quarto mandamento no decálogo, claramente estabelece a distinção entre o que é o que não é o culto solene.

Em segundo lugar, é bom que se esclareça que princípios estabelecidos na antiga aliança permaneceram na nova aliança. Não me refiro as leis civis e cerimoniais do Antigo Testamento. Nesta caso, os paramentos dos sacerdotes, do sumo sacerdote e dos levitas, os utensílios e objetos do tabernáculo e, posteriormente do templo de Jerusalém, a arca da aliança, as festas judaicas, os sacrifícios de animais e outros símbolos que na antiga aliança apontavam para a vinda de Jesus Cristo.

Mas, entenda que em toda a Bíblia (antigo e novo testamento) encontramos explicitamente a ordem e o modo como Deus deseja ser cultuado solenemente. Ou seja, a Bíblia contém o que os reformadores chamaram de o PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO. Aliás, esta é uma expressão que não é mais conhecida em boa parte dos presbiterianos e reformados de nosso país.

Sendo assim, o culto solene é caracterizado por alguns critérios importantes. Primeiro, O culto é solene porque é público. Como já disse antes, envolve uma convocação de todos os crentes para se reunirem quando oportunamente durante a semana e indispensavelmente no domingo, o dia do Senhor. Por ser um ato público, claramente isto distingue de qualquer outra atividade que se possa realizar mesmo que envolva algum exercício devocional seja particular como em grupo.

Segundo, o culto solene tem o seu caráter didático e autoritativo. Deixe-me explicar com o seguinte exemplo. Imagine que você é amigo de um juiz. Ele te convida para um churrasco em sua casa obviamente o tratamento que você dá a ele é respeitoso devido ao seu ofício, mas, ainda sim, o momento permite uma relação informal. Mas, se no exercício de seu ofício, você é intimado a comparecer em uma audiência por esse juiz, você o tratará da mesma forma que em um churrasco entre amigos, ou, você seguirá todos os ritos necessários que aquele momento exige?

Da mesma forma isto também se aplica a adoração a Deus. O culto solene tem como objetivo infundir respeito, reverência e a seriedade. Isto não anula o fato que devemos exprimir alegria por ter o privilégio de usufruir dos benefícios da aliança de Deus com o seu povo. Contudo, não se pode simplesmente expressar uma alegria exacerbada, descontrolada, extravagante e sem qualquer noção de respeito. Creio que vale lembrar o que aconteceu com Nadabe e Abiú, filhos do sumo sacerdote Arão e sobrinhos de Moises. Foram mortos por Deus ao entrarem no tabernáculo com fogo estranho. Veja, que o ambiente e o momento exigia uma solenidade (Levítico 10: 1-2).

Quanto ao fato do culto solene ser didático, é importante lembrar que o que se faz no culto solene expressa o modo como nos comportamos diariamente. O culto solene acaba que sendo a vitrine da nossa vida particular e do nosso culto privado a Deus. Por isso, o culto solene é didático. Se somos irreverentes no modo e na ordem do culto publico a Deus, também somos irreverentes, desobedientes e sem qualquer noção de temor a Deus em nosso trabalho, família e sociedade.

Mas o seu aspecto didático se aplica no modo do como Deus semanalmente nos ensina a exercitar a nossa devoção a ele diariamente. Além do culto solene que indispensavelmente é realizado no dia do Senhor, ou, quando por convocação pública em outro dia da semana seja por algum motivo lícito e bíblico, temos também o culto doméstico e o culto particular.

Ambos estes exercícios devocionais devem ser aplicados nos mesmos moldes que o culto público. também neste sentido o culto solene é didático. Aprendemos o exercício do temor a Deus em qualquer circunstância. Já que, a reverencia a Deus não se aplica apenas na adoração pública, mas, em todo momento e principalmente quando estamos a sós ou em nossa intimidade.

Em último lugar, creio ser necessário esclarecer que toda convocação ou ajuntamento solene que é publico, é autoritativo e didático e tem o objetivo de adorar a Deus em uma ordem estabelecida ou litúrgica, isto caracteriza o culto solene. Existem praticas e atividades que são proibidas e pecaminosas em si mesmas. Mas, mesmo que algumas atividades em si mesma não sejam pecaminosas e saudáveis em momentos oportuno, ainda sim, elas podem se tornar pecaminosas por serem inseridas indevidamente ao culto solene.

O problema hoje é que muitos crentes perderam esta noção do que vem a ser proibido, o que não é apropriado e o que não convém, não apenas a adoração, mas, arrisco-me a dizer que em qualquer área da vida cristã. Mais ainda, se no culto solene há irreverência na ordem e elementos estranhos isto é tão grave quanto a inserção de objetos, imagens, esculturas e símbolos paganizados no culto. Em suma, isto é idolatria. É quebra do segundo mandamento.

Se a Bíblia não é suficiente para nos determinar sobre o modo como Deus deseja ser adorado, então jogue ela fora e siga uma outra religião que não seja o autentico cristianismo. Faça qualquer outra coisa, mas, não se declare cristão porque possivelmente o seu culto não é nos moldes cristão. Mas se você realmente é um cristão autêntico, a base de tudo é:

Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja de Deus, assim como também eu procuro, em tudo, ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos (Coríntios 10: 31-33).



sábado, 13 de setembro de 2014

DOIS PESOS DUAS MEDIDAS? ELEMENTOS ESTRANHOS NO CULTO SOLENE.

Como você reagiria a um grupo de militares dançando o hino nacional brasileiro adaptado ao funk? Bom, se você não sabe, a lei 7500 de 1º de setembro de 1971, e que, em 1992 foi reapresentado pelo então senhor Presidente da Republica Fernando Collor de Melo declara que é crime quaisquer adaptações, arranjos, ou, até mesmo a inserção de coreografias, danças, ritmos, mudanças da letra do hino nacional brasileiro. Veja bem, não é apenas desrespeitoso, mas é um crime.

Recentemente, várias pessoas, se manifestaram indignadas com a atitude de um grupo de alunos de uma escola que dançaram em ritmo de funk o hino nacional brasileiro. Entre elas muitos cristãos. Mas, é interessante observar o que tem acontecido ao longo dos anos dentro de nossas igrejas locais. Por que apenas consideraríamos estranho, desrespeitoso e até mesmo um crime este tipo de comportamento à um símbolo nacional, mas, não estranhamos o uso indevido de vários elementos desrespeitosos, irreverentes e anti-bíblicos na adoração pública?

Será que ainda não perceberam que dentro das igrejas locais, diversas práticas e ritos estranhos também estão inseridos na adoração solene? Creio que a própria dança, coreografia, realizações de milagres, exorcismos, como também determinadas mudanças no modo de orar, pregar e de se usar a musica na adoração são um claro exemplo disto. Até mesmo igrejas locais de nossa denominação presbiteriana estão mergulhando fundo nestas práticas. Qual argumento usado? "Aquilo que Bíblia explicitamente não proíbe pode ser usado no culto solene". Isto é um engano!

Você sabia que, assim como existem leis em nosso país que não permitem que os símbolos nacionais, e, isto inclui o hino nacional, sejam desrespeitados ou banalizados por qualquer outra forma ou expressão artística senão aquela que é devidamente determinada pelas autoridades, a Bíblia, da mesma forma, contém o que as confissões reformadas (que também são símbolos de fé) consideram como sendo o Princípio Regulador do Culto? Você sabia que as Escrituras nos revelam de forma clara e objetiva o que deve conter no culto solene? Você sabia também que da mesma forma que a lei pune aqueles que desrespeitam os símbolos nacionais Deus também condena o modo errado e elementos estranhos ao culto solene?

Então repito a indagação que aqui é feita por uma questão lógica e obvia. Se muitos de nós cristãos estranhamos e condenamos atitudes como a que exemplifiquei acima, se consideramos desrespeitoso alguém dançar funk com o hino nacional brasileiro, então, por que não nos indignamos com aberrações e praticas ilícitas em nossos cultos? Por que não condenamos da mesma forma as diversas danças irreverentes e estranhas no culto solene? Por que não estranhamos o fato de Deus está não apenas sendo desrespeitado, mas, de sermos irreverentes e idólatras quebrando o segundo mandamento onde não devemos acrescer, nenhum objeto, ou prática que não seja determinado por Deus?

Será que não entenderam o que é necessário e suficiente no culto solene? Será que não compreenderam que qualquer prática acrescentada ou modificada seja no modo como nos elementos de culto estabelecidos nos Escrituras é muito mais aberrante e grave do que o desrespeito aos símbolos nacionais de nosso país ? Se aqueles soldados do exército foram condenados a um ano de prisão pelo que fizeram com um símbolo nacional, imagine o que Deus já fez e ainda faz com aqueles que adulteram a adoração a Ele (Levíticos 10: 1-3).

O que nos ofende mais? Será que aquilo que é estranho a adoração a Deus não deveria ser por nós considerado algo mais sério? Não seria para Deus mais ofensivo tudo aquilo que rouba a sua glória? Então é muito simples. Estamos aqui falando de idolatria. Sim, é isso mesmo que você acaba de ler. E, a idolatria começa em nossas convicções e acabam que por se externalizar em nossos cultos solenes. O culto é como uma vitrine. Apenas reflete aquilo que está em nosso coração.

E aqui, vai uma outra questão interessante. Infelizmente, muitos que são membros de igrejas reformadas e presbiterianas, atualmente acham estranho a idéia de subscrição confessional aos símbolos de fé, ou seja, se submeter as doutrinas da Bíblia sistematizadas e expostas nos catecismos maior e breve e na confissão de fé de Westminster. Você que é presbiteriano, sabia que os símbolos de fé são autoridade sobre nós nos expondo aquilo que deve ser obedecido nas Escrituras? Você que é membro de uma igreja presbiteriana sabia que os símbolos de fé também prescrevem a luz das Escrituras, a nossa única regra de fé e prática, os princípios que regulam o culto solene a Deus?

A questão tratada aqui, não é de ordem apenas moral, mas, estamos lidando com princípios que devem regular a nossa vida com base na Palavra de Deus. Brincar com estes princípios é muito mais perigoso e mortal do que as ofensas a um símbolo patriótico. O que está em jogo é a nossa desobediência a vontade de Deus. É o nome Dele que está sendo tripudiado e ridicularizado por muitas pessoas. Se aquilo que é irreverente e pervertido no modo de cultuarmos  não for considerado imundo, nojento e desprezível a luz das Escrituras, e então? O que seria a nós mais estranho e ofensivo? Creio que aqui cabe o seguinte ditado. Dois pesos duas medidas.