terça-feira, 9 de abril de 2013

QUAL ESTILO DE MÚSICA É APROPRIADO PARA O CULTO SOLENE?

 Um amigo me questionou sobre a expressão que usei no artigo anterior: "Não me surpreenderei se souber que já existem retiros com marchinhas de carnaval ou com samba enredo no período de louvor." A questão colocada por ele é se o samba não pode ser usado para louvar a Deus.

Geralmente, o argumento mais usado em relação aos diversos ritmos musicais contemporâneos (aqueles que surgiram a partir do século vinte) tem como base a ideia de que todas as coisas criadas por Deus podem ser usadas no culto solene, ou seja, tudo é válido para o louvor a Deus na adoração pública. Creio que o Salmo 150 é o texto mais usado para fundamentar esta afirmação.

A minha pergunta sobre esta ideia é muito simples. Tem certeza que é assim? Será que o Salmo 150 está propondo exatamente esta ideia? Categoricamente, NÃO! Em nenhum momento o salmista está dizendo que podemos usar qualquer instrumento, estilo musical, expressões corporais e danças no culto solene. Pelo contrário, o Salmo 150 nos mostra claramente que cada elemento da criação em seu contexto apropriado e condicionado ordenadamente, louvam ao Criador. Este louvor se aplica de modo geral a todos os seres viventes que compõe a criação.

Não é minha intenção analisar exegeticamente este salmo, mas apenas chamar a atenção para algumas informações importantes quanto ao seu conteúdo. Primeiro, este salmo fala do culto espiritual e não apenas do culto solene, apesar da adoração pública ser parte deste que chamamos de culto da vida. Outra observação é que a palavra "santuário" (no hebraico: rekia) no versículo 1 é originalmente traduzida por "expansão do céus". Isto significa que não se trata especificamente do tabernáculo e muito menos do templo de Salomão. Enfim, a ideia central de todo o Salmo é mostrar que Deus deve ser adorado por causa do seu imenso e infinito poder. Seu domínio e controle sobre toda criação vai além de todas as forças e poderes terrenos.

É importante lembrar que tudo o que Deus criou deve ser sim, usado para o seu louvor. Mas, não podemos usar este salmo para justificar certas atividades e expressões artísticas no culto solene, até porque, não é disto que o salmo fala.

Ainda assim, com base neste salmo, podemos perceber claramente que cada elemento mencionado (o céu,  firmamento, os instrumentos musicais, assim como todo ser vivo na criação) tudo deve ser usado no seu contexto e momento apropriado no louvor a Deus.  Isto inevitavelmente se aplica aos estilos musicais. Nem todo estilo musical é apropriado para o culto solene, tudo o que é ordenado pelas Escrituras como atividade cúltica deve ser aplicado com ordem, simplicidade, objetividade e reverência.

As pessoas não conseguem mais distinguir o que é um momento solene de uma ocasião informal. Então, aqui vai um exemplo muito claro. É interessante como ninguém tem coragem de participar de uma audiência no tribunal perante o juiz com roupas inadequadas e indecentes. Basta usarmos um pouquinho mais a inteligência que Deus nos deu para sabermos que nem tudo aquilo que é dado por Ele para o nosso deleite pessoal pode ser usado no culto solene. Isto também se aplica ao uso das artes, especialmente a música. Nem todos os estilos musicais são apropriados para o culto solene.

Contudo, é permitido ouvir por exemplo o rock, ou o samba para o meu deleite pessoal? Veja bem, a Bíblia não nos limitou sobre quais estilos musicais deveríamos repudiar e os que poderíamos considerar sagrados. Entretanto, precisamos lembrar que os mesmos critérios no culto solene devem ser aplicados quando apreciamos qualquer estilo musical sejam elas evangélicas ou seculares. Deve-se levar em conta pelo menos dois princípios fundamentais. O que estou ouvindo, cantando ou tocando glorifica a Deus, ou seja, não contraria e denigre as doutrinas da fé cristã? Em segundo, isto será proveitoso a minha salvação, ou seja, vai contribuir para o meu crescimento espiritual?

Uma outra questão que deve ser levantada aqui é que tem-se usado como argumento de que todos os estilos musicais foram criados por Deus, e por isso, devemos usa-los para o seu louvor inclusive no culto solene. Aqui vai uma pergunta: Quem criou os estilos musicais? Temos algumas opções. Com toda certeza não foi satanás. Entretanto, sinto desapontá-los, mas também não foi Deus. Veja um outro exemplo. Quem inventou o avião? Com certeza não foram os irmãos Wright. Deus também não foi o criador do avião, mas foi o próprio homem (neste caso Alberto Santos Dumont).

A pergunta certa é: Quem deu capacidade e inteligência para inventar e descobrir os instrumentos e os estilos musicais? Foi Deus! Devemos entender que Deus em sua providência age sublimemente através do homem na invenção e descobertas de tantas coisas e recursos para que possamos perceber a majestade e o poder do Criador.

Desta maneira, não podemos usar o argumento que todos os estilos musicais inventados ao longo da história podem ser usados no culto solene. Neste caso, como músico e teólogo afirmo sem medo de errar que o samba, bossa nova, o jazz, o sertanejo, o rock, o blues, assim como outros estilos musicais mais regionalizados e complexos em sua forma e conteúdo estão limitados para serem usados na adoração pública. Uns mais e outros menos.

Desta forma, existem alguns aspectos práticos e culturais que não cabem no culto solene. O samba como um estilo musical extremamente dançante, provocante e sensual com muita certeza não cabe no culto solene. O jazz e o blues são estilos musicais complexos em sua performance. Por isso, estes também não cabem como estilos musicais apropriados para o culto solene. Mas, isto não quer dizer que não podemos ouvir um bom jazz, blues, rock e outros estilos musicais que em seu conteúdo e performance glorificam a Deus e não são nocivos a fé cristã.

A Bíblia não nos diz explicitamente quais estilos musicais podem ou não serem usados no culto solene. Entretanto, a Bíblia nos dá diretrizes e princípios essenciais para que possamos usar de bom senso, sabedoria, discernimento e temor de Deus no uso da música no culto solene.