segunda-feira, 27 de agosto de 2012

É PRECISO CONHECER TEOLOGIA PARA CANTAR NO CULTO?


Algum ensaio desses tratando do assunto


Fiquei estarrecido com a colocação de uma palestrante quando disse: “Pra que precisamos de teologia? Teologia engessa as pessoas. É preciso ser prático”. O contexto de sua fala foi sobre educação cristã e evangelismo com crianças segundo a Bíblia. Na verdade, este é o pensamento comum de nossa época. O pragmatismo é parte dos pressupostos filosóficos inclusive dos crentes em geral. Isto também se aplica à música no culto público. 

Os pastores zelosos com a pureza doutrinária e litúrgica de suas igrejas locais são denominados por muitos como legalistas, por averiguarem as letras dos cânticos e hinos  cantados nos cultos dominicais. Eu faço parte dessa turma de pastores “legalistas”. Entretanto, o zelo por si só, sem a orientação e conscientização do cuidado teológico do que se canta, torna-se tão perigoso e pecaminoso quanto o outro extremo que canta sem critério bíblico algum, tudo o que está no mercado da música cristã contemporânea. 

Portanto, é necessário responder à pergunta que os músicos e muitos membros de nossas igrejas fazem: É necessário conhecer teologia para cantar no culto solene? A resposta é sim! Alguns motivos aqui devem ser colocados. Em primeiro lugar, todo cristão deve conhecer as escrituras. Quem estuda profundamente a Palavra de Deus, na verdade, está estudando teologia (Sl 1: 2). Nós que somos cristãos reformados, não desassociamos doutrina da teologia. As duas palavras são a mesma coisa. Doutrina é teologia e teologia é doutrina.  

Em segundo lugar, quanto mais conhecemos as escrituras, mais produzimos uma boa teologia cantada nos cultos solenes. Seremos mais criteriosos não como legalistas, mas como cristãos conscientes do que realmente cremos quando a Palavra é especialmente pregada. É possível afirmar que uma boa teologia contida e aplicada nas pregações de nossos pastores produz não apenas boas músicas cristãs, como também uma saudável teologia para os cultos solenes. 

Em terceiro lugar, toda e qualquer música que se canta transmite teologia. A questão é: Que tipo de teologia se tem cantado nos cultos? Existem cânticos como também hinos que aparentam conter uma boa teologia, entretanto, sutilmente, estão desviando os crentes da sã doutrina. 

Uma aplicação importante deve ser feita. Em geral, as equipes de música escolhem os cânticos para o culto atraídas pela estética do arranjo instrumental, vocal e a beleza poética das letras. Mas, por não conhecerem profundamente as escrituras não sabem se possuem uma boa teologia ou contém alguma heresia. Acrescenta-se a isso, o fato de que muitos músicos são conhecidos pela falta de compromisso com a sua vida devocional (estudo da Palavra e oração). Não é só o pregador que deve ser estudioso da Palavra, mas todo crente, independente de seu ministério ou função na igreja, deve dedicar-se ao estudo da boa teologia. 

Ainda, outro aspecto a ser destacado, é o papel dos pastores na supervisão do culto, especialmente na área da música (foco do presente artigo). Caros nobres presbíteros da igreja, não proíbam apenas, mas ensinem a boa teologia aos seus membros! Mais do que isto, conscientizem sua igreja local da necessidade de se cantar cânticos e hinos que os envolva com a sã doutrina. Infelizmente, há muitos pastores que não se preocupam com o conteúdo cantado e tocado nos cultos, como também, existem alguns pastores zelosos com a doutrina em si, no entanto, não sabem cativar seus membros de modo que compreendam a necessidade de cantar as escrituras para produzir uma emoção e reflexão saudável e verdadeira na adoração pública.
 Sei que este é um caminho muito trabalhoso e difícil. Porém, é o modelo bíblico que devemos seguir para orientar e instruir nossas igrejas no que tange a música, como parte do culto aceitável a Deus. 

Creio que um dos desafios do uso correto da música na igreja é combater o pragmatismo religioso nos cultos solenes e sermos mais criteriosos com o que cantamos. A estética musical não pode adornar o culto e muito menos definir a sua teologia. Ao contrário, a boa teologia ensinada nas escrituras deve moldar tanto a letra como a estética da música no culto.  

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